Conforme o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, a Câmara dos Deputados está prestes a avançar na votação do projeto que regulamenta o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) nesta semana. Os parlamentares irão se debruçar sobre as sugestões de emenda apresentadas para alterar o texto da proposta, visando a regulamentação do Comitê Gestor do IBS (CG-IBS). Este comitê será responsável pela coordenação da arrecadação, fiscalização, e distribuição do imposto, além de avaliar, a cada cinco anos, a eficácia das políticas sociais e econômicas, uma atribuição que está sendo discutida quanto à sua inclusão no projeto.
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Impostos sobre grandes fortunas e transmissão de imóveis
Uma das emendas mais debatidas é a proposta pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que sugere a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Este imposto incidiria sobre patrimônios superiores a R$10 milhões, com alíquotas variando de 0,5% a 1,5%, conforme o valor. A criação do IGF visa aumentar a progressividade do sistema tributário e reduzir a concentração de riqueza. Além disso, o projeto aborda o ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis), que é um tributo municipal aplicado na venda de imóveis.
De acordo com Renzo Bahury de Souza Ramos, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) apresentou uma emenda que altera a forma de avaliação dos imóveis, propondo que o valor venal seja o declarado pelo contribuinte, podendo ser revisado pelo Fisco em caso de suspeita de subavaliação. Essa mudança visa tornar o processo de avaliação mais transparente e menos sujeito a manipulações, equilibrando a carga tributária sobre as transações imobiliárias.
Doações e heranças: novidades e controvérsias
O projeto também trata do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), que é um imposto estadual aplicado sobre doações e heranças, e que possui variações nas alíquotas e regras de estado para estado. A proposta inclui agora a tributação dos planos de previdência VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) e PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) no ITCMD. Esta mudança visa aumentar a equidade na tributação das heranças e doações, garantindo que recursos provenientes de planos de previdência também contribuam para o imposto.
No entanto, conforme enfatiza Renzo Bahury de Souza Ramos, uma emenda do deputado Domingos Neto (PSD-CE) visa excluir a incidência do ITCMD sobre esses planos de previdência. A questão está pendente de julgamento pelo STF, após decisões divergentes do STJ sobre a tributação desses planos. A definição sobre a tributação desses instrumentos financeiros será crucial para garantir a consistência e a justiça no sistema de impostos sobre heranças e doações.
Outros destaques e alterações
Como apresenta o tributarista Renzo Bahury de Souza Ramos, o projeto também enfrenta propostas de alteração em relação à responsabilidade por infrações tributárias e à compensação de créditos de ICMS. Uma emenda sugere a exclusão da incidência do ITCMD sobre atos societários que beneficiem desproporcionalmente um sócio ou acionista, enquanto outra proposta modifica a responsabilidade dos agentes envolvidos em infrações tributárias, removendo a responsabilização automática para aqueles que se beneficiaram sem contribuir para a infração.
Essas mudanças visam garantir que a legislação tributária seja justa e proporcional, evitando penalidades excessivas e promovendo uma maior clareza nas responsabilidades fiscais. Além disso, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) propôs alterações na compensação de créditos de ICMS, permitindo a transferência desses créditos entre empresas do mesmo grupo econômico após homologação. Essa proposta busca flexibilizar a gestão de créditos tributários e melhorar a eficiência do sistema, facilitando a movimentação de recursos dentro de grupos empresariais e potencialmente reduzindo a carga tributária total.
Impactos e relevância da reforma tributária para a economia brasileira
Em conclusão, a votação do projeto de reforma tributária na Câmara dos Deputados representa um momento crucial para a estrutura fiscal do Brasil. Com a inclusão de novos impostos e a revisão de tributos existentes, como o IGF e o ITCMD, além das propostas de alteração na avaliação de imóveis e na responsabilidade por infrações tributárias, as decisões que serão tomadas nesta semana terão um impacto significativo sobre a gestão fiscal e a economia do país. A continuidade das discussões e as emendas propostas refletem a complexidade e a importância da reforma para o sistema tributário nacional.